A nova regulação do Banco Central sobre divulgação de riscos climáticos e seus impactos sobre as instituições financeiras foi tema de um debate no dia 31 de agosto, que fez parte do “Ciclo de Debates 2022” da Convergência pelo Brasil, uma iniciativa do iCS e do Instituto O Mundo Que Queremos.
Durante o evento, o Diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso, afirmou que está sendo feito um trabalho interno intenso da supervisão para avaliação da adaptação das instituições financeiras à nova norma, que é uma das primeiras regulações financeiras no mundo que adotou os padrões da TCFD para divulgação de riscos climáticos por instituições financeiras.
E quais seriam as informações que os bancos realmente precisam para avaliar os riscos climáticos físicos e de transição no seu portfólio? Na opinião de Luciane Moessa, Diretora Executiva e Técnica da Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), para avaliar os riscos climáticos físicos, é preciso saber a localização do empreendimento, da cadeia de valor (seja ela de fornecedores ou clientes, a depender de onde se encontram os riscos mais relevantes).
A especialista em finanças sustentáveis apontou também que, para chegar a uma informação mais precisa em termos de riscos de transição, é essencial entender o que as diferentes empresas, que atuam no mesmo setor, fazem para mitigar os riscos climáticos a que estão expostas, sendo necessário “que os bancos tenham muito claro quais são os indicadores-chave de desempenho de cada setor econômico para eles verificarem como é o desempenho destas empresas”. Em relação aos dois pontos, mas sobretudo com relação à localização da próprias atividades financiadas, que é uma informação bastante simples, ela ressaltou que o caminho ideal seria uma exigência regulatória nesse sentido (como o BC já faz de forma pioneira com relação ao crédito rural), mas que nada impede que as próprias instituições financeiras obtenham essa informação junto a seus clientes sem aguardar pela atuação do regulador.
Signatário da Convergência pelo Brasil e ex-Presidente do BC, Gustavo Loyola afirmou que o Brasil tem ativos ambientais que o colocam em uma posição privilegiada, e que o país tem a capacidade de fornecer alternativas verdes para o mundo em vários aspectos – “eu acho que a curto prazo há uma avenida de captação de recursos para o país, e, portanto, de geração de empregos, de geração de crescimento econômico e de distribuição de renda”.