Amazônia Legal, um grave caso de (in)segurança pública

Com taxa bruta de homicídios superior ao restante do Brasil, Amazônia Legal é hoje a região mais violenta do país 

Por Luna Galera

A região vital para a manutenção do equilíbrio global não anda recebendo nem a atenção nem os cuidados de que precisa. A prova disso é que a prosperidade de nossas florestas exuberantes foram transformadas em verdadeiros campos de batalha. Hoje, a Amazônia Legal é a área mais violenta do Brasil ao apresentar dados alarmantes sobre segurança pública. Desde os anos 2000, a taxa bruta de homicídios nos estados amazônicos aumentou em mais de 100%, saltando de menos de 20 para mais de 40 assassinatos por 100 mil habitantes em 2017. Mesmo com curtos períodos de queda na taxa de homicídios, como entre 2017 e 2020, os números ainda são muito superiores ao restante do país. A partir do ano de 2022, a infeliz taxa voltou a subir na contramão do quadro nacional. Caso a problemática não seja combatida, a tendência é que o índice de violência na Amazônia Legal continue a crescer. 

Os dados e o gráfico utilizados são do estudo Fatos da Amazônia 2024, do projeto Amazônia 2030. Para os pesquisadores, em 2020, quatro entre os 10 municípios mais violentos do Brasil estavam localizados na Amazônia Legal. Já entre os 100 municípios mais violentos, 23 pertenciam à região. Ainda no ano de 2020, diversos municípios amazônicos registraram índices superiores a 70 homicídios por 100 mil habitantes. Os números são preocupantes e impactam não somente a qualidade de vida dentro de seu limite geográfico, mas também o desenvolvimento e a economia do país que se reflete no cenário global.

Desde 2003, entre os estados da região, o Pará é o que apresenta a maior taxa de homicídios, sobretudo nos municípios do interior onde o desmatamento avança. Isso acontece porque crimes ambientais associados à destruição da flora, como a grilagem, o garimpo ilegal e a extração irregular de madeira, andam lado a lado com violência – e até mesmo com o crime organizado -, ao fomentar invasão de terras e confrontos armados, por exemplo. Segundo o estudo, em grande medida, o aumento exponencial da brutalidade na Amazônia Legal é uma história do aumento da violência no Pará.

O grave cenário ainda pode ser contornado para a garantia de um futuro próspero à Amazônia. É preciso que o estado brasileiro se mostre forte e atuante perante os desafios que carrega, investindo em políticas públicas assertivas de combate à violência, como o fortalecimento dos mecanismos de controle de crimes ambientais. Vale ressaltar que o apoio de organizações não governamentais e da comunidade global é fundamental para o sucesso de um plano que busca a paz e o desenvolvimento sustentável na região. Somente assim, o mundo poderá usufruir plenamente da riqueza natural que nos abraça – e, infelizmente, insistimos em boicotá-la.

Foto: Área de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

 

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