Por que é importante doar pras ONGs no Natal?

O prêmio Melhores ONGs lançou uma plataforma que ajuda a escolher as organizações com melhor gestão e facilita a transação

O melhor do Natal é o espírito natalino. As doações feitas no Brasil para ações de combate ao coronavírus ou auxílio para populações mais atingidas atingiram o total de R$ 6,5 bilhões em dezembro, segundo dados da ferramenta Monitor das Doações Covid-19, abastecida pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).

Em momentos especialmente difíceis, é comum que as pessoas se mostrem mais solidárias. Mas, não só. Tradicionalmente, o Natal também é uma época que amolece o coração das pessoas. As caixinhas de fim de ano para os funcionários, doação de brinquedos e até pessoas que adotam cartinhas para ser, por um dia, o Papai Noel de alguém, são bons exemplos.

Uma das estratégias para estimular a cultura de doação é exibir os atos de solidariedade. A divulgação é uma forma de estimular que mais pessoas se engajem e busquem ajudar também. Outra é mostrar em que instituições elas podem confiar.

É o que o Prêmio Melhores ONGs faz. Com uma equipe julgadora — formada por professores, doutorandos e mestrandos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), jornalistas e lideranças sociais — o prêmio avalia as organizações com base em boas práticas e, ao divulgar uma lista com as melhores, funciona como um farol para mostrar algumas organizações que dão exemplo de gestão.

Essas organizações, que atendem populações carentes em todas as regiões do país, precisam de dinheiro para desenvolverem suas ações. Sem ajuda de governos, grande parte dessa verba vem das doações, de pessoas físicas ou jurídicas, que acreditam e querem incentivar esse trabalho. Afinal, a sociedade capitalista moderna precisa das ONGs.

No Natal, a maioria dessas organizações realiza campanhas para proporcionar festas mais alegres para as pessoas que atendem e, por isso, precisam ainda mais de ajuda. Este ano, uma novidade lançada pela organização do Prêmio Melhores ONGs, promete dar uma força, pelo menos para as 100 organizações que se destacaram na edição 2020: uma plataforma de doação direta.

“Foi uma resposta a um pedido que as ONGs fizeram para o Papai Noel”, afirma o pesquisador da FGV, Fernando Nogueira, que faz parte da coordenação do Prêmio. Segundo ele, que estuda o terceiro setor há décadas, a confiança é fator decisivo para as pessoas quererem ou não doar para uma ONG. O prêmio mais a plataforma, resolvem isso de dois jeitos.

Ao mostrar organizações que foram avaliadas em detalhes, o doador pode ter certeza que está fazendo uma boa escolha. E, além disso, a ferramenta também garante que o dinheiro vai chegar de forma rápida e transparente direto para essa ONG. “É um jeito seguro, que acabou com todas as desculpas para quem queria doar, mas não sabia direito para quem ou como. É o nosso presente de Natal para o setor”, celebra.

“O nosso projeto começou no Natal de 1993 e hoje transformamos a vida de milhares de pessoas, na região mais carente do país. O Natal nos desperta para a solidariedade e intensifica em nós a vontade de ajudar ao próximo. Doar é um ato de generosidade! Fazer o Bem é o melhor sentimento da vida e somos nós os maiores beneficiados.” afirma Alcione Albanesi, Presidente dos Amigos do Bem, organização que ganhou o destaque de Melhor ONG na edição de 2020 e é uma entre as 100 na plataforma.

Este artigo foi originalmente escrito por Alexandre Mansur e Angélica Queiroz e publicado na coluna Ideias Renováveis, da revista Exame.

Foto: Bruno Caimi/Divulgação

Empresas e ambientalistas se juntam por uma reforma tributária verde

Pela primeira vez, representantes de setores empresariais e organizações ambientais se unem por uma política tributária boa para o meio ambiente

Meio ambiente e economia são assuntos cada vez mais conectados. Vários países já anunciaram que suas recuperações financeiras devem vir junto com medidas para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono e minimizar os efeitos das mudanças climáticas. É a chamada retomada verde. O Brasil ainda está engatinhando nessas discussões e vivendo até mesmo retrocessos na legislação ambiental. Mas uma reunião inédita, realizada pela Frente Parlamentar Ambientalista, acaba de abrir novos caminhos para que a gente ande junto com os países mais desenvolvidos do mundo.

Pela primeira vez na história do Brasil, representantes de diversos setores econômicos se uniram para discutir e apoiar critérios ambientais na reforma tributária. Durante o encontro, organizações da sociedade civil, que elaboraram as nove propostas para uma Reforma Tributária Sustentável, iniciaram um importante diálogo com empresários de setores estratégicos sobre suas propostas para a implantação de uma política fiscal que ajude o Brasil a ficar mais limpo e competitivo no mercado internacional. Para o grupo, o sistema tributário é uma importante ferramenta econômica para alavancar investimentos numa economia verde. E o que foi dito lá deixa claro que esse movimento é bom não só para o meio ambiente, mas também para as empresas.

“Cada setor tem as suas propostas específicas, mas o que nos une é essa visão mais ampla de um futuro sustentável para o Brasil. Essa reunião é uma semente de um movimento que a gente quer fortalecer, que transcende o movimento ambientalista e socioambiental”, afirma André Lima, advogado ambientalista e coordenador de Sustentabilidade do (IDS). Segundo ele, não faz mais sentido falar nesse desenvolvimento sem trabalhar uma política tributária na qual quem polui mais e emite mais deve pagar mais, enquanto quem emite menos paga menos. Ele ressalta que as nove propostas trabalham essas nuances, mas estão abertas para sugestões convergentes.

“A diversidade é importante porque o que nos une não é o interesse de um setor A, B ou C, é olhar para o desenvolvimento do Brasil a partir de uma nova economia. Nós somos pequenos dentro dos nossos próprios setores, mas com conexões, podemos ser vistos como uma área politicamente representada”, explica, lembrando que o encontro apenas abriu caminho para que os atores se mantenham conectados e trabalhem juntos para viabilizar uma reforma tributária verde. Para subsidiar as propostas, o IDS acaba de lançar a publicação 50 tons de Reforma Tributária Sustentável, uma compilação de estudos que “sinaliza caminhos para a convergência da política tributária com o Acordo de Paris e com as políticas nacionais de Meio Ambiente, de Florestas, de Biodiversidade e dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais.”

Para Felipe Salomão, Especialista em Relações Governamentais do Grupo Boticário, as propostas para uma reforma tributária verde podem ajudar a dar competitividade para as matérias-primas de origem reciclada ou que sejam recicláveis. “Por meio da tributação é possível dar competitividade de preço e estimular para que seja acessível para mais empresas investirem nessa alternativa”, ressalta. Ele lembra que a indução tributária pode dar um novo significado para o movimento das empresas num sentido mais sustentável para o Brasil. “A gente só vai conseguir avançar, com números relevantes, a partir do momento que trouxer um significado econômico para essas atividades.” Para ele, o incentivo fiscal é essencial para estimular outras empresas, de todos os tamanhos, a escolherem a suas causas, em prol do meio ambiente.

A produção de orgânicos é outro setor que vê as propostas com bons olhos. Rogério Dias é vice-presidente do Instituto Brasil Orgânico e acredita que falar em economia verde tem tudo a ver com bioeconomia e que, nesse sentido, o Brasil é privilegiado. “Nós temos um potencial absurdo, que estamos desperdiçando porque destruímos, sem entender e avaliar os benefícios que a biodiversidade pode trazer para a sociedade, sejam eles econômicos ou para a manutenção da nossa qualidade de vida”, afirma. Segundo ele, a discussão da reforma tributária é uma oportunidade para a criação de políticas públicas em que as atividades negativas possam subsidiar as positivas. “É um absurdo que tenhamos isenção para produtos que sabidamente têm consequências negativas, como os com uso de agrotóxicos e, ao mesmo tempo, não tenhamos recursos para fomentar as atividades que podem trazer transformação, como o desenvolvimento do controle biológico no Brasil.”

A conversão do sol em eletricidade é uma tecnologia catalisadora e propulsora de um futuro sustentável, inclusive para que outros setores produtivos possam produzir sua própria energia elétrica, limpa e renovável. Com esse argumento, o Presidente Executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Lopes Sauaia, afirma que deve haver mais incentivos para o setor que, desde 2012, gerou mais de 200 mil novos empregos e R$10,2 bilhões em arrecadação de tributos para o poder público. “A pergunta é quanto desse valor foi reinvestido pelo poder público para que a gente possa potencializar essa e outras soluções sustentáveis na nossa economia”, questiona. “A arrecadação de setores sustentáveis e de setores potencialmente poluentes precisa ajudar a acelerar iniciativas positivas no caminho que a gente quer, que é o caminho da sustentabilidade e do século XXI”, arremata.

Este artigo foi originalmente escrito por Alexandre Mansur e Angélica Queiroz e publicado na coluna Ideias Renováveis, da revista Exame.

Amigos do Bem é melhor ONG de 2020

Prêmio também anunciou melhores por causa e região. Centro Cidadania foi reconhecida como a melhor de pequeno porte

A organização Amigos do Bem, que atende a mais de 75 mil pessoas no sertão de Alagoas, de Pernambuco e do Ceará, foi reconhecida como a melhor do terceiro setor do Brasil, pelo prêmio Melhores ONGs, o mais importante da área. Durante a cerimônia, realizada nesta quinta-feira (10), as 100 melhores organizações de 2020 foram homenageadas por seu trabalho e, além da melhor, o Prêmio anunciou os destaques nas categorias especiais. Engenheiros Sem Fronteiras e Instituto do Câncer Infantil foram as outras duas finalistas ao destaque do ano e também participaram do evento.

“Somos corajosos e sabemos que é um grande desafio estar no terceiro setor, no dia a dia, na ponta, com os que mais precisam”, afirmou Caroline Albanesi, representante da Amigos do Bem, ressaltando que o trabalho da ONG no sertão nordestino é feito por muitas mãos, com mais de 10 mil amigos do bem. “Nós não trabalhamos com foco nessa visibilidade, mas ela é importante para continuarmos com o nosso projeto”, comemorou.

Este ano, as 100 organizações que se destacaram ganharam de presente espaço em uma plataforma por meio da qual podem receber doações diretas. Pela primeira vez, as 10 melhores entre as pequenas também foram premiadas. Nessa categoria, a organização Centro Cidadania, que promove o desenvolvimento sustentável no semiárido dos estados da Paraíba e Pernambuco, levou o primeiro lugar. Além disso, mesmo organizações que não se inscreveram no prêmio, foram reconhecidas nas categorias especiais. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) foi o destaque honorário, por sua atuação diante dos desafios para combater a pandemia entre essa população. Já os Bombeiros Voluntários de Joinville levaram a menção honrosa da noite.

Marcelo Estraviz, presidente do Instituto Doar, destacou que, neste ano de incertezas, a organização do Melhores teve medo de que a premiação fosse afetada e que ela foi, mas positivamente. “A gente teve condições de observar organizações que se reinventaram, que tiveram a capacidade de, no meio desse caos, ampliar seus atendimentos. É um grande momento poder homenagear essas organizações”, afirmou. Para Alexandre Mansur, diretor de projetos do O Mundo Que Queremos, o prêmio é uma oportunidade de lembrar que fazemos parte de uma mesma comunidade do terceiro setor, que atua em várias frentes, dividindo essa carga de solidariedade. “Parabéns aos vencedores e também para todo mundo que trabalha, todo dia, nas mais diversas causas do terceiro setor,” celebrou.

Tradicionalmente, o prêmio também reconhece as melhores organizações por causa e região. No Nordeste, a disputa foi acirrada e, por conta disso, duas ONGs dividiram a primeira posição. Confira a lista dos destaques da edição 2020:

Por causa

    Assistência Social: Rede Cidadã;
    Criança e Adolescente: Instituição de Incentivo à Criança e Adolescente de Mogi Mirim;
    Cultura: Associação Cultural Pisada do Sertão;
    Desenvolvimento Local: Engenheiros Sem Fronteiras;
    Direitos Humanos: Escola de Gente;
    Educação: Associação Cidadão Pró-Mundo;
    Esporte: Instituto Futebol de Rua;
    Geração de renda: Artemísia Negócios Sociais;
    Meio Ambiente e sustentabilidade: Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam);
    Saúde: Instituto do Câncer Infantil.

Por região

    Centro-oeste: APAE Anápolis;
    Norte: Idesam;
    Nordeste: Instituto Nordeste Cidadania e Centro Educação Popular e Formação Social (CEPFS);
    Sul: Bairro da Juventude dos Padres Rogacionistas;
    Sudeste: Centro Educacional Assistencial Profissionalizante (CEAP).

As 10 melhores de pequeno porte

    Centro Cidadania;
    Associação Assistencial Jesus Chama-te no Caminho para a Luz;
    Associação dos Amigos da Cultura de Niquelândia;
    Associação VAMOS!;
    Cabelegria;
    Casa Arte Vida;
    Engenheiros sem Fronteiras Brasil;
    Minha Campinas;
    Refúgio 343;
    Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística.

O Prêmio
Em sua quarta edição, a premiação reconhece as 100 melhores organizações do terceiro setor brasileiro com base em boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento. Desde seu lançamento, a premiação alcançou grande visibilidade no setor e continua crescendo, na medida em que se consolida como a principal referência em organizações filantrópicas no país. Este ano, 670 organizações se inscreveram.

O Prêmio é uma parceria do Instituto Doar, do O Mundo Que Queremos e da Ambev, com respaldo técnico de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e apoio da Fundação Toyota do Brasil e do Instituto Humanize. A equipe julgadora é formada por professores, doutorandos, mestrandos da FGV, jornalistas e lideranças sociais.

Foto: Amigos do Bem

Por que as empresas precisam das ONGs?

Nas democracias modernas, as organizações sem fins lucrativos criadas por cidadãos independentes complementam o papel social das companhias privadas

O Brasil tem, segundo o IBGE, pelo menos 237 mil organizações não governamentais, famosas ONGs. Mesmo com esse número expressivo, muita gente ainda não entende exatamente que espaço essas entidades sem fins lucrativos ocupam na sociedade. Afinal, o que são e para que servem as ONGs?

Apesar de haver registros milenares da prática de se associar para tentar resolver problemas de forma conjunta, a encarnação moderna das ONGs surgiu entre os anos 1970 e 1980, com o desenvolvimento da sociedade capitalista e democrática ocidental. Uma ONG nada mais é que uma associação independente de pessoas com um objetivo comum, como os clubes esportivos ou grupos de colecionadores de carros. A sigla da expressão “organização não-governamental” nasce no contexto do pós-Segunda Guerra, mesma época da criação da ONU, quando o mundo consolidou a existência de entidades que não faziam parte nem do estado nem do mercado.

A maioria das ONGs são associações 100% brasileiras, criadas por cidadãos brasileiros para resolver problemas brasileiros. Por aqui, o termo acabou ficando muito ligado à organizações que davam suporte aos movimentos sociais, sendo popularizado durante e após a Conferência Rio 92 sobre meio ambiente. Assim, não é coincidência o termo ter ficado tão associado primeiramente à causa ambiental. No entanto, apesar desse senso comum, as ONGs dedicadas a essa causa não são maioria no país. Pelo contrário,segundo dados do Prêmio Melhores ONGs, elas são menos de 1% do total. A grande maioria das ONGs são associações para cuidar de saúde, educação e direitos da infância. Muitas ONGs cuidam de hospitais ou entidades educativas. Uma boa parcela das ONGs tem origem em grupos de boa ação religiosa.

Mas, vamos voltar à pergunta que dá título a esse artigo: o que elas têm a ver com as empresas? Tudo. Nas sociedades onde existem ONGs organizadas, que defendem os interesses das pessoas sem fins lucrativos, as empresas têm mais liberdade de atuação. Ou seja, a existência das ONGs é boa para o mundo privado, porque elas se complementam. Uma depende da outra para existir. Não por acaso, o terceiro setor é mais bem desenvolvido nas grandes economias capitalistas, como os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Nesses países, onde a filantropia tem uma tradição mais forte, as pessoas demonstram generosidade doando para causas que tenham a ver com elas — e é essa cultura que sustenta o terceiro setor.

“Quando pensamos na origem das ONGs é comum fazermos associações com a sociedade como um todo e também com o Estado, com essa organizações dando conta do que ele não consegue e articulando vozes que estão dispersas para levantar as suas causas. Mas a relação delas com as empresas também é relevante”, afirma o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando do Amaral Nogueira, que fez seu doutorado sobre o assunto. Segundo ele, na medida em que as empresas ganham cada vez mais importância na vida pública moderna, prestando todo tipo de serviço, até mesmo em nome dos estados, é natural que as ONGs tenham ainda mais a ver com elas. “Além da parte importante, de fiscalização, que as empresas não gostam tanto, elas também são parceiras para propor outros caminhos e soluções”, explica.

Fernando Nogueira lembra que, com consumidores cada vez mais exigentes, as empresas são cada vez mais cobradas a investir também nas áreas social e ambiental. “As ONGs podem ajudar, trazendo seu conhecimento e legitimidade, trabalhando junto e fazendo esse meio de campo”, ressalta. Para ele, as organizações desempenham quase que um papel de “tradutoras”, já que as empresas, cada vez mais especializadas, nem sempre sabem falar outras linguagens que não a dos negócios. “Trabalhar junto com ONGs ajuda as empresas a evitarem erros, com a melhor das intenções, como doar coisas que uma escola não precisa ou começar a atuação em uma comunidade sem fazer um diagnóstico daquele meio antes”, exemplifica.

Outro aspecto no qual as empresas podem ganhar ao aumentar a sua convivência com as ONGs é na melhoria da sua relação com os funcionários, que são um ativo muito importante em qualquer negócio. Fernando explica que a aproximação com organizações do terceiro setor costuma ajudar a criar e a reforçar outros tipos de laços com as pessoas, melhorando o clima na empresa. “Os programas de voluntariado corporativo são bons exemplos porque acabam fazendo com que o funcionário sinta que faz diferença, dando um outro sentido para o trabalho e o engajamento que ele tem com a empresa, que ele também tende a achar mais legal.”

O Prêmio Melhores ONGs (melhores.org.br), realizado desde 2017, funciona como um farol para orientar empresas e pessoas físicas que estejam procurando uma causa para ajudar. Com base na avaliação de boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento, ele reconhece as 100 melhores do país. As vencedoras de 2020 acabam de ser anunciadas, junto com uma novidade, o lançamento de umaplataforma para ajudar as ONGs vencedoras a captar doações. Por lá, quem entrar pode saber mais sobre as organizações que mais se destacaram e doar diretamente para qualquer uma delas. O prêmio é realizado pelo Instituto Doar, pela agência socioambiental O Mundo Que Queremos e pelo programa VOA da Ambev. A cerimônia de premiação será no dia 10 de dezembro, a partir das 20h, com transmissão pelo YouTube e pelo site do canal Futura. Além das 100 melhores, o público conhecerá também os destaques nas categorias especiais, além da melhor ONG entre todas.

Este artigo foi originalmente escrito por Alexandre Mansur e Angélica Queiroz e publicado na coluna Ideias Renováveis, da revista Exame.

Melhores ONGs anuncia destaque de 2020 e categorias especiais

Decisão será anunciada em cerimônia no dia 10 de dezembro, às 20h, com transmissão no Youtube do Futura

Acontece, na próxima quinta-feira (10/12), às 20h, a cerimônia de premiação do Melhores ONGs, o maior prêmio do terceiro setor do Brasil. Os nomes das 100 organizações que mais se destacaram em 2020 já foram divulgados, mas é durante o evento que finalmente serão conhecidos os destaques nas categorias especiais, além da melhor ONG entre todas. Outra novidade é o reconhecimento da melhor — e das 10 melhores — ONGs de pequeno porte. Pela primeira vez online, o evento será transmitido pelo youtube do Canal Futura, com apresentação de Karen de Souza.

Este ano, as 100 organizações que se destacaram por suas boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento ganharam de presente uma plataforma onde qualquer pessoa pode entrar e doar diretamente para elas.

O Prêmio
Em sua 4ª edição, a premiação reconhece as 100 melhores organizações do terceiro setor brasileiro. Desde seu lançamento, a premiação alcançou grande visibilidade no setor e continua crescendo, na medida em que se consolida como a principal referência em organizações filantrópicas no país. Este ano, 670 organização se inscreveram.

O Prêmio é uma parceria do Instituto Doar, do O Mundo Que Queremos e da Ambev, com respaldo técnico de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e apoio da Fundação Toyota do Brasil e do Instituto Humanize. A equipe julgadora é formada por professores, doutorandos, mestrandos da FGV, jornalistas e lideranças sociais.

Vitória de Biden abre caminhos para os melhores negócios na Amazônia

Mesmo sem maioria no Congresso, Biden pode estimular políticas que privilegiam produtos sustentáveis e retomar os programas de apoio a cadeias produtivas

Joe Biden e Kamala Harris foram eleitos para a presidência dos Estados Unidos e essa é uma boa notícia para a Amazônia. Como? As expectativas são de que esse seja bastante positivo para o desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis que já existem na floresta, dando a elas mais escala e força. São negócios que produzem respeitando os recursos naturais e as pessoas. Eles já existem e envolvem desde multinacionais até pequenos empreendedores produtores e extrativistas.

A região tem comunidades inteiras que sobrevivem vendendo mel, castanhas, cacau, açaí, guaraná, madeira manejada, peixes e turismo. O que essas pessoas precisam é de espaço no mercado, proteção legal e reconhecimento por suas boas práticas. O resultado da eleição americana pode representar tudo isso.

Biden já sinalizou em discursos, mesmo antes de ser eleito, que se preocupa com a preservação da floresta brasileira. Por isso, a tendência é que os Estados Unidos apoiem cada vez mais o desenvolvimento de cadeias produtivas que mantenham a floresta em pé. Essa mudança no cenário político pode ser o que o Brasil precisava para que nossa enorme biodiversidade volte a ter apoio para gerar riqueza aqui, como vimos em períodos passados.

O resultado da eleição americana abre caminhos de três formas. A primeira é o que já está acontecendo: uma maior pressão internacional para que o Brasil respeite as suas próprias leis e reforce a fiscalização para evitar a destruição da floresta e os assassinatos de quem vive dela. Além disso, é mais provável que os americanos estejam atentos e deem mais apoio financeiro para programas de regulamentação e apoio legal para fundos de fiscalização da floresta, como o Fundo Amazônia, viabilizando projetos que ajudem a melhorar a nossa governança sobre o nosso próprio território.

A segunda forma é dando mais espaço para esses produtos e serviços sustentáveis, com facilidades comerciais, por exemplo. Nos anos 1980, a política de compra de governos locais e federal passaram a exigir papel reciclado nos editais. Isso foi fundamental para gerar demanda e dar escala à indústria de reciclagem que hoje está madura. Esse tipo de uso das compras estatais para estimular boas práticas – sem grande impacto no custo – já foi usada com sucesso várias outras vezes.

A terceira forma como o novo governo americano pode incentivar os bons negócios na Amazônia é na forma de incentivos diretos. Podemos ver a retomada de programas como da US AID, agência de ajuda internacional dos EUA, para apoiar o desenvolvimento de produtores locais. Isso pode ocorrer na forma de programas de crédito ou apoio logístico, para que a população local, que conhece e respeita a floresta, participe dessa cadeia produtiva.

Será que esse resultado, como diz o líder indígena Ailton Krenak, adia o fim do mundo? Algumas respostas estão no podcast Infraestrutura Sustentável, que pode ser acessado no site do GT Infra e também no Spotify.

Este artigo foi originalmente escrito por Alexandre Mansur e publicado na coluna Ideias Renováveis, da revista Exame.

Foto: A cadeia do assaí é uma das que pode ser impulsionada na Amazônia com a eleição de Joe Biden (Marcia do Carmo/Divulgação)