Desafios para manter esse compromisso ao longo das cadeias de valor são abordados no quarto episódio do podcast Isso Também é Floresta, já disponível no Spotify
Com clientes cada vez mais dispostos a consumir de forma sustentável, marcas que disseminam uma narrativa socioambiental só existem se garantem que o propósito de seus negócios é fiel ao que promovem. Esse compromisso se mostra desafiador na moda. Segmento da economia que envolve desejo e identidade, a área lida com questões complexas para ser efetivamente sustentável nas cadeias de valor em que atua.
“Sustentabilidade é coisa da moda” é o quarto episódio do podcast Isso Também é Floresta, que acaba de ser lançado pelo Partnerships for Forests (P4F). O programa realça a relação inseparável entre marcas e a narrativa socioambiental positiva que disseminam. Também aborda o comprometimento de marcas com práticas sustentáveis e promoção de estratégias de governança inclusivas, principalmente junto a comunidades tradicionais nos territórios.
O episódio realça o trabalho desenvolvido em comunidades extrativistas de borracha, no Acre, pela marca de tênis Veja — que, no Brasil, é conhecida como Vert. “A Veja foi desenhada desde o começo para ter um impacto socioambiental, então a importância é vital. Sem impacto socioambiental, a marca não existiria”, destaca Beto Bina, que gerencia as cadeias produtivas da Veja. O impacto socioambiental é considerado em todas as etapas de produção. “A gente não tem uma área de sustentabilidade, todo mundo é responsável por essa palavrinha”, diz. A marca foi uma das iniciativas apoiadas pelo P4F nos últimos anos.
Yamê Reis é designer de moda e fundadora do Rio Ethical Fashion, o maior fórum de moda sustentável da América Latina, e trabalha como consultora de estratégias de governança socioambiental para marcas da indústria da moda. Ela destaca que a demanda por materiais têxteis naturais e orgânicos existe, mas a oferta ainda é muito pequena. “No algodão, por exemplo, a produção representa menos de 1% da produção em contraposição a mais de 90% do algodão do agronegócio. É uma balança completamente desequilibrada”, afirma, puxando a discussão sobre os principais desafios em salvaguardar esses atributos tendo em conta as especificidades das cadeias de valor.
O engajamento das cadeias de valor da moda é especialmente complexo porque muitas marcas têm diversos tipos de fornecedores, que estão em diversos estágios de maturidade. Além disso, algumas empresas são pequenas e têm poucos recursos para investimentos. “É interessante olhar para três aspectos: assistência técnica, acesso ao crédito para investimentos e acesso a mercado”, destaca Felipe Faria, gerente regional do P4F na América Latina. “Quando eu falo de acesso a mercados, falo também de insumos produzidos de forma sustentável e de marketing para as vendas”, finaliza.
O episódio já está disponível e pode ser ouvido, na íntegra, no Spotify.
Entrevistados
Beto Bina (Veja)
Sebastião dos Santos Pereira (Veja)
Yamê Reis (consultora especializada em moda sustentável)
Felipe Faria (SYSTEMIQ)
Isso Também é Floresta
O podcast original Isso Também é Floresta promove discussões atuais e urgentes relacionadas ao setor de uso da terra, mostrando que é possível gerar oportunidades econômicas em áreas florestais com desenvolvimento social e sem incentivo ao desmatamento ou à degradação da biodiversidade. Com foco no Brasil e destaque para a Amazônia, cada episódio promove uma conversa entre especialistas e apresenta um caso prático com soluções já testadas – ou que estão sendo implementadas – em áreas de interface rural e florestal.
Os casos práticos apresentados nos episódios de Isso Também é Floresta são de projetos que receberam apoio do programa Partnerships for Forests (P4F). A incubadora e aceleradora de negócios florestais financiada pelo governo do Reino Unido por meio do Departamento de Desenvolvimento, Negócios Estrangeiros e Commonwealth (FCDO) atua em 13 países, desenvolvendo parcerias entre setor privado, setor público e comunidades locais que vivem e trabalham dentro e ao redor de florestas tropicais. Desde 2016, o programa trouxe quase um quarto de bilhão de hectares de terra sob manejo sustentável, gerando mais de £ 263 milhões (R$ 1,51 bilhão) em investimentos do setor privado em florestas.
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