Corredores verdes são o caminho para o transporte da soja no Brasil

Analisar diferentes alternativas pode apontar saídas para descarbonizar nossas exportações

O Brasil tem dois grandes desafios: o primeiro é modernizar a infraestrutura logística para a exportação de produtos agrícolas no país, que possui um grande potencial para ser mais competitivo no mercado e que perde por ter uma logística de exportação ultrapassada — é crucial entrar no mercado com bom preço e segurança. Investir em logística significa, principalmente, migrar o transporte das rodovias para as ferrovias além de explorar melhor o potencial litorâneo e hidrográfico. Diante das mudanças climáticas mundial, o segundo desafio é reduzir a emissão de carbono nessa área, uma vez que, países e empresas estão assumindo o compromisso de reduzir as emissões de gases tóxicos. A oportunidade benéfica para o Brasil é realinhar os meios de transporte de produtos agrícolas. Esse foi o tema do evento Corredores verdes para a soja: a rota sustentável até a China, realizado pelo Instituto O Mundo Que Queremos, com apoio da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), do Instituto Clima e Sociedade, do portal Um Só Planeta e da Convergência pelo Brasil, na última terça-feira (30/11).

A produtividade agrícola está concentrada no Centro-Oeste e interior de Minas Gerais e a principal necessidade é melhorar as vias de escoamento da produção, investindo em melhorias e extensões que levam os produtos do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, para os portos do litoral de Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro, aumentando o fluxo de saída. O novo porto que está sendo construído no Espírito Santo é um grande exemplo de melhoria no setor econômico e para o meio ambiente. Estudos da Federação de Indústrias do Espírito Santo (Findes) comprovam que a oportunidade está na saída centro-leste como o principal corredor verde do país para o comércio internacional.

Com investimentos de R$ 2,8 bilhões na infraestrutura da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e os novos portos que estão em desenvolvimento no Espírito Santo, o Estado tem potencial para ampliar a competitividade logística. “A movimentação de cargas será intensificada e teremos no país o aumento do tráfego marítimo de navios maiores. A perspectiva é de navios de 150 a 200 mil toneladas permitindo uma redução de 46% de emissões no trecho marítimo até a China”, ressalta Cris Samorini, presidente da Findes. O novo modelo de exportação é oportuno, eficiente e econômico. Para o Comandante Fernando Alberto Costa, Oficial da reserva da Marinha do Brasil, “a infraestrutura é extremamente importante e mais eficaz com menores custos e menores impactos para os estados”.

“O Brasil exporta metade do volume de soja e 90% vai para a China. A redução de custos logísticos aumenta o market share do país na transportação.”, pontua Thiago Péra, Coordenador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Universidade de São Paulo (Esalq-Log). Essa modernização atende a uma grande necessidade do setor: “O produtor rural é extremamente eficiente e se torna menos competitivo quando entra no sistema, a nossa logística ainda é bastante encolhida muito pequena para o sistema produtivo do nosso país que produz grandes quantidades para o mundo”, afirma Fábio Meirelles Filho, presidente da Associação dos Produtores de Soja, Milho, Sorgo e Outros Grãos Agrícolas do Estado de Minas Gerais (Aprosoja-MG).

Os agricultores são capazes de aumentar a produção e abastecer o mercado com desmatamento zero. Para Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica do Banco Safra, “cada vez fica mais evidente que a gente tem a possibilidade de expandir a agricultura sem desmatar pelo aproveitamento das pastagens degradadas”. É necessário uma estratégia eficiente para escoar os grãos e reduzir os impactos no meio ambiente, de acordo com André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). “A questão da descarbonização ligada ao setor agro ela começou com os biocombustíveis só que ela está migrando com muita rapidez para o mercado de alimentos, e na hora que migra para o mercado de alimentos ela está pegando o setor agrícola e mais a indústria toda”, afirma. O desafio acontece quando se contabilizam as emissões ligadas à produção agrícola e ao uso da terra, caso da soja brasileira.

André Ferreira, Diretor do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), frisa que “a descarbonização não se dá apenas no modo de transporte, mas dependendo de onde você implanta essa infraestrutura ela tem um efeito de desmatamento indireto”. O processo de tomada de decisão precisa ser claro e oferecer opções com instâncias mais transparentes, desde o início, sobre os impactos econômicos, sociais e ambientais.

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